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Você coloca em prática todo o seu potencial de liderança?


Eu tenho um cliente que reclama constantemente da falta de reconhecimento por seu trabalho. Ele acredita que seu superior não percebe os esforços que faz para entregar mais e melhor, e está pouco interessado em sua evolução e desenvolvimento. Aos poucos ele vai se desmotivando, aceitando “as regras do jogo”, e simplesmente esperando uma oportunidade para mudar de empresa – ou de chefe – com a esperança de que “desta vez a história seja diferente”. Quantos de nós vive esta mesma experiencia, não apenas no contexto do trabalho, mas também na relação com amigos e família?


O que geralmente as pessoas não percebem é que a história que querem mudar não está fora – está dentro delas, sendo contada e reforçada todos os dias por meio da narrativa mental ou diálogo interno. Por isso, mudar de empresa, chefe ou amigos é inútil. É como mudar um quadro de parede. Ao contrário, somente aumenta o nível de frustração e impotência. Então, por onde começar?


No caso deste cliente, o primeiro passo é ter a consciência do quanto a necessidade de reconhecimento domina suas expectativas e intenções na relação com as pessoas à sua volta, especialmente aquelas com posição de autoridade. Ao compartilhar o seu histórico de vida, ele ganhou consciência do quão pouco foi reconhecido e valorizado por seus pais e educadores, e o quanto esta falta continua influenciando os seus relacionamentos, a tal ponto de não saber distinguir uma relação profissional de uma pessoal.


O segundo passo é ajudá-lo a identificar as “partes” da personalidade que carregam as crenças e sentimentos de desvalorização e invisibilidade. Partes são pequenos “eus” ou subpersonalidades que funcionam de forma autônoma dentro do nosso sistema interno. Elas têm sua própria maneira de funcionar e se comportar. Um grupo de partes tem o papel de nos proteger de situações potencialmente ameaçadoras, e por isso são chamadas de “protetores”. No caso do meu cliente, ser exigente consigo mesmo para entregar os resultados, ou mesmo superá-los, faz parte da estratégia de obter aquilo que falta – a valorização do outro.


Um outro grupo de partes carrega as memórias de situações desafiadoras do passado, e por isso são chamadas de “exilados.” No caso do meu cliente, os seus exilados carregam crenças, sentimentos e memórias relacionados a situações de falta de valorização e reconhecimento. Quando a expectativa de receber o reconhecimento dos seus pares e superiores é frustrada, ele revive os mesmos pensamentos e sentimentos que vivenciou na situação original, e que gerou o sentimento de falta ou carência.


Ao ganhar consciência destas partes, ele descobriu que as expectativas eram criadas por ele mesmo (por suas partes), para atender necessidades que não foram preenchidas no passado. Aos poucos foi capaz de reconhecer que apenas ele poderia satisfazer estas necessidades, e que abrir mão desta responsabilidade transferindo aos outros este papel era, por um lado, injusto, e por outro, uma fonte de conflito e decepção contínuos.


O aspecto surpreendente desta história é que ao não esperar mais o reconhecimento do outro e descobrir maneiras de preencher esta necessidade internamente, meu cliente começou a perceber que era valorizado e reconhecido por seus pares e superiores. Em virtude da magnitude de sua expectativa, ele não se dava conta dos pequenos comentários e gestos que transmitiam este reconhecimento. Como resultado deste processo o seu desempenho e estado de espírito melhorou, pois a energia que era desperdiçada em buscar agradar e manipular a percepção do outro, agora estava inteiramente focada na realização do seu trabalho. Externamente nada mudou, mas a mudança de percepção que ele experimentou fez toda a diferença.


Roberto Ziemer

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